Cultura não se regula: se apóia. Os movimentos sociais são livres. De nada adianta imaginar que aquele bloco que se reúne, praticamente na sexta-feira do carnaval, tenha agora, no mês de agosto, tudo aquilo que a prefeitura demanda.
Os gestores da SEOP - Secretaria Especial de Ordem Pública - precisam aprender um pouco sobre os movimentos espontâneos da população, sobre economia informal e, principalmente, sobre cultura popular.
Posso citar aqui diversos exemplos espalhados pela história de que Cultura não se reprime.
Um dos maiores fracassos foi a proibição das rodas de samba na Cidade. No mundo de hoje, tentam barrar o crescimento do Funk. Os jornais, por sua vez, já estampam matérias que mostram o resultado do embate: o número de freqüentadores nos bailes funks aumentou nos últimos dias.
De nada adianta só reprimir. Primeiro por que não existe capacidade operacional para reprimir tudo, seria necessário termos um fiscal / guarda / policial para cada cidadão, sem contar que alguns mais afoitos e menos treinados poderiam aderir à folia, depois, o mais importante é entender os movimentos e adequar as necessidades da cidade, discutindo caso a caso.
Assim, o Decreto que cria regras para o carnaval já nasce morto. A regra imposta de baixo para cima, sem a experiência dos técnicos e a necessária discussão pública, baseada apenas na vontade de manter-se na mídia, vai dar um choque na SEOP.
Os atuais gestores não sabem que o carnaval é um movimento de espontaneidade. É livre, como um corcel que corre pelas pradarias: não adianta tentar colocar freio, pois o bicho tem nica na orelha.
É preciso dialogar.
E para que ninguém diga por aí que sou a favor da desordem, sugiro que desarquivem o planejamento operacional criado pela Coordenação de Controle Urbano para o Carnaval de 2007 - e que foi logo ampliado para o Carnaval de 2008.
Ah! Importante agregar ao Planejamento, os meios operacionais e equipamentos policiais de que a SEOP dispõe hoje. Pode dar melhor resultado.
E viva a espontaneidade do Carioca.
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